“Falta proteger os ópticos”
Com sete lojas entre Sacavém e Lisboa (Parque das Nações), a Zona Óptica aposta na excelência da qualidade dos serviços, equipamentos, produtos e, naturalmente, dos profissionais da equipa. Os sócios, António Martins e André Soares, somam mais de duas décadas de experiência e gostavam de ver o sector mais unido e regulamentado.
OP: A empresa conheceu um crescimento interessante num período de grande ascensão das lojas de óptica. Hoje, com uma conjuntura económica deprimida, continua a alargar-se. A que se deve este sucesso?
AM: É fruto de muito trabalho por parte da excelente equipa, com cerca de 30 pessoas, e ao nosso profissionalismo, pois apostamos na excelência do serviço ao cliente.
OP: Num período em que se fala tanto da legislação da profissão optometrista, e visto que também trabalha com estes profissionais, o que pensa da criação de uma ordem para esta classe? Acredita que irá intervir no funcionamento de lojas como as vossas?
AM: Não vai intervir no funcionamento das lojas, vai interferir na prática da optometria. Participei nas primeiras reuniões em que a União Profissional dos Ópticos Optometristas Portugueses (UPOOP) e a Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) se juntaram para fundar a Ordem, mas infelizmente não chegaram a bom termo.
AS: Trabalhamos com optometristas, ambos também o somos. A profissão devia estar regulamentada para agilizar a nossa actuação junto dos outros organismos, de forma a aceitarem as nossas receitas como acontece noutros países.
OP: E o que é que falta?
AS: União, simplesmente.
OP: Os optometristas estão desunidos?
AM: Sim, trata-se de uma velha história. Num lado, optometristas licenciados pelas faculdades, no outro, optometristas da UPOOP. Temos dois organismos base, a UPOOP e a APLO, que têm que se entender para regulamentar a prática da Optometria em Portugal.
OP: E uma Ordem a criar, será…
AM: A Ordem dos Optometristas. A optometria representa os cuidados primários da visão, a óptica é a parte comercial. Revelam-se coisas diferentes, embora coabitem. A Ordem permitirá legislar a optometria. Há uma licenciatura, logo há que enquadrar os profissionais no mercado de trabalho. Eu tenho 30 anos de optometria, fiz o primeiro curso em Portugal na Escola Portuguesa de Óptica Ocular (EPOC) e constato um total desencontro de ideias entre os vários organismos e entre as pessoas que os integram. A inexistência de uma única Ordem retira força negocial, dificulta a prática da actividade e o seu reconhecimento junto dos organismos oficiais de saúde.
18 Fevereiro 2011
Entrevistas