“Estou vocacionado para as lojas de rua”

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ÓpticaPro: Começou por ter uma das maiores ópticas do país e agora, passados 30 anos, recupera esse título…

José Pedro Lourenço: De facto, nos anos ’90 a Óptica Boavista era a óptica de topo da cidade. No entanto, com o aparecimento dos grandes grupos internacionais e com a transformação constante do mercado, tinha que enveredar por uma linha de negócio distinta. Além disso, o primeiro espaço tornava-se pequeno para tudo o que ambicionava fazer. Criei portanto uma loja espaçosa, com dois mil metros quadrados, e que é a maior óptica da Europa. Conferi ainda grande destaque à diversidade de produtos e ao espaço reservado ao lazer.

 

OP: Após esta revolução, o que recorda da história?JPL: A primeira loja, localizada no número 661 da avenida da Boavista, surgiu a 27 de Agosto de 1979. Iniciei o negócio apenas com a minha mulher, mas, ao longo dos anos, fui admitindo vários funcionários na empresa. Na altura do ‘boom’ dos grandes espaços comerciais, abri uma óptica e uma loja de bijutaria no Centro Comercial Dallas, para acompanhar o mercado. No entanto, a experiência de ‘shopping’ desagradou-me, por vários motivos. A clientela é diferente, as horas extra fazem falta para conviver com a família e, além disso, não se criam laços de amizade entre gerência e funcionários. De facto, sinto que estou mais vocacionado para lojas de rua. A nova Óptica Boavista abriu no dia 27 de Julho de 2009 e inicio agora um outro ciclo.

 

OP: Não lhe custa encerrar a sua primeira casa?JPL: Ainda não fechei completamente as portas, por uma questão sentimental. Contudo, mais cedo ou mais tarde irá acontecer, já que para manter as duas ópticas tão próximas teria que mudar o nome de uma delas. Sempre me dirigi para um estrato social médio alto, e agora quero atingir um público-alvo diferente, disponibilizando marcas ainda mais arrojadas e luxuosas. Existem muitas pessoas com poder económico e eu quero conquistar esses clientes.

 

OP: Já na altura da fundação da sua loja conquistou muitos clientes fiéis. O que explica esta atracção?JPL: Essencialmente, a qualidade de serviço, atendimento, variedade e qualidade dos produtos. A Óptica Boavista foi a primeira a possuir uma exposição de óculos de sol durante todo o ano, ao contrário do que acontecia nas outras ópticas, que retiravam a linha de sol no Inverno. Paralelamente, aderíamos a coisas diferentes para incluir variedade de escolha, o que implicava um esforço maior da nossa parte para convencer o cliente a preferir um produto inusitado.

 

OP: O que distingue esta loja da anterior?JPL: Temos uma clínica onde incluímos as valências de optometria, contactologia, optometria comportamental, optometria geriátrica e pediátrica, terapia visual e ortóptica. Tudo isto com apoio da oftalmologia. Temos também um café, o “OBV Café” para os clientes tomarem o pequeno almoço ou lancharem enquanto esperam pelos óculos ou pela sua vez. Para além da parte de exposição e de atendimento ao público, criámos uma galeria de arte. A nova Óptica Boavista possui também um parque de estacionamento, o qual vejo como uma oportunidade para atrair mais pessoas. Digamos que somos uma loja de rua com a filosofia de centro comercial. Temos que apostar na diferença entre as ópticas.

 

OP: Como encara os prémios que ganhou com as montras da antiga Óptica Boavista?JPL: Estão certamente relacionados com esta filosofia de diferenciação e personalização que defendo. Sempre apostámos na boa imagem da óptica, transmitida precisamente pelas montras engraçadas, diferentes e polémicas que construíamos. Antigamente, as pessoas escolhiam através da vitrina, mas hoje o conceito é diferente. Agora, a ideia passa pela criação de uma montra mais simples, vazia e transparente, antevendo o interior da loja, que convida à entrada dos clientes. Colocamos quatro ou cinco marcas na montra, porém só no interior da óptica as pessoas conhecem a totalidade da oferta.

 

OP: Porquê aderir à Optivisão com uma empresa tão consolidada?JPL: Sabíamos que com a abertura das fronteiras, os grupos internacionais chegariam rapidamente a Portugal. A Optivisão constitui a nossa ferramenta de defesa e de luta contra as grandes empresas instituídas. Actualmente, revela-se o grupo mais forte a nível nacional, com 250 ópticas franquiadas e 11 lojas próprias. Além disso, a Optivisão assume-se como um grupo ‘sui generis’, já que a maioria dos franquiados são também accionistas. Existe um interesse, uma participação e um contributo por parte de todos. Compomos um grupo muito saudável, onde todos os membros “vestem a camisola”.

25 Novembro 2009
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