“Os óculos são uma moda que muda constantemente”
ÓpticaPro: Como analisa a evolução da óptica?
Adão Pinho: Considero que a óptica sofreu uma grande evolução desde os primeiros tempos até aos dias de hoje. A óptica tem duas vertentes: a saúde em primeiro lugar e depois a moda. Dentro da área da saúde pública, honra-me muito saber que a optometria, a contactologia e a especialização em oftalmologia são ramos que estão interligados. No que diz respeito ao papel da moda dentro deste sector, devo confessar que causou uma mudança a 100 por cento.
OP: Essa mudança foi imposta?
AP: Nada pode comparar um montador de óculos dos meus princípios com um técnico de óptica actual. Está tudo muito mais sofisticado e o próprio mercado é mais exigente. Nos dias de hoje, os clientes fazem perguntas que há 20 ou 30 anos atrás eram impensáveis de colocar. Exige-se muito mais de um balconista ou de um técnico de oficina, do que se exigia quando os modelos eram sempre os mesmos. Até os próprios fornecedores, que eram cerca de meia dúzia, são hoje na ordem das centenas.
OP: Qual é a explicação para esta alteração?
AP: Quando nos primeiros congressos de óptica se colocou a questão de criar escolas de óptica para possibilitar uma melhor formação, essa ideia não foi muito bem recebida por alguns dos nossos colegas. Acharam-na inclusivamente utópica. O bom aconselhamento para se interligar a óptica à moda é extremamente importante. Actualmente, o cliente compra óculos, não só para satisfazer as suas necessidades visuais, mas também para estar na moda. É como comprar uma gravata ou uns sapatos, os óculos são uma moda que muda constantemente.
OP: Entre os seus estabelecimentos comerciais encontramos uma loja de fotografia e uma perfumaria. Por que motivo?
AP: Acho que a óptica está intimamente ligada à fotografia. Eu tomei conta da Fotografia Salvador há alguns anos, desenvolvi a empresa com todos os funcionários que lá estavam e, embora não percebesse nada de fotografia , estava seguro de que poderia mudar o negócio para o ramo óptico. O negócio da fotografia prosperou e esta casa na baixa do Porto é uma das mais importantes da cidade. O cliente da óptica é também o da fotografia e vice-versa, pois as pessoas que vêm cá buscar óculos, acabam por voltar com o rolo fotográfico ou com o cartão de memória digital. Em relação à perfumaria, que também comprei e onde mantive os funcionários, tornou-se mais fácil, uma vez que está directamente relacionada com as marcas da moda que também vendem óculos.
10 Março 2010
Entrevistas