Mais ciência optométrica

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Com um total de 191 inscrições, as Conferências Abertas de Optometria (CAO) incrementaram este ano uma nova etapa na vida dos profissionais representados na Associação de Profissionais Licenciados em Optometria (APLO), a formação contínua em optometria. “Constitui-se como o primeiro evento acreditado pela comissão para a formação contínua em optometria, criada pelos associados no ano passado. Iniciamos agora um sistema que uniformiza a instrução ao longo da vida em diferentes aspectos, nomeadamente ao nível dos planos de formação, conteúdos e horas de aprendizagem. Este método encontra-se em harmonia com os restantes países europeus membros da European Council of Optometry and Optics (ECOO)”, salientou Eduardo Teixeira, presidente da direcção da APLO.


Realizadas a 14 e 15 de Novembro, em Setúbal, a quinta edição dos CAO assume-se como um espaço de partilha das diferentes vertentes da especialidade, com destaque para a componente científica. Neste sentido, com o controlo da qualidade científica, da técnica dos planos e conteúdos, bem como dos agentes prestadores da formação, “temos agora à disposição uma plataforma comum para a formação contínua em optometria aqui na APLO”, acrescentou o responsável. Durante o discurso de abertura, Eduardo Teixeira salientou ainda a importância do “incremento do conhecimento e da actualização da evolução da ciência, como o único caminho para assegurar a qualidade da profissão e assim garantir os melhores cuidados primários de saúde visual para os pacientes”.


De facto, segundo os palestrantes, a defesa dos interesses dos utentes e a dignificação do exercício da profissão assumem-se como vectores centrais para se declarar perante o país a urgência da regulamentação da optometria. “Esta especialidade existe em Portugal e nunca é demais afirmar que um milhão de pessoas procura todos os anos os serviços prestados por nós. Contudo, não existe um diploma legal da regulamentação do exercício da profissão. É urgente alterar a situação actual, de modo a trazer dignidade à optometria, assim como graus de exigência e qualidade condizentes com a prática dos cuidados de saúde. Torna-se cada vez mais necessário o reconhecimento formal do optometrista como profissional autónomo e essencial aos cuidados primários da saúde visual”, esclareceu Eduardo Teixeira.


Regra geral, as pessoas procuram mais facilmente os serviços, aumentando as possibilidades dos cuidados preventivos, enquanto se reduz a necessidade de procura de assistência especializada ou hospitalar. “De facto, a especialização tem as suas vantagens, mas a fragmentação que introduz é contraproducente e ineficaz. Os recentes programas do aumento do número de cirurgias às cataratas são exemplo desta situação. É bom que existam, mas torna-se mais importante uma boa articulação com uma rede de cuidados primários, sob pena de resolver apenas um problema muito específico e deixar outros mais críticos sem solução”, revelou o presidente da APLO.


Deram-se já muitos passos no sentido de regulamentar a optometria em território luso. A última iniciativa prende-se com uma petição enviada à Assembleia da República, na defesa da regulamentação do exercício da profissão e da sua inserção no Serviço Nacional de Saúde, como profissional dos cuidados primários da saúde visual. “O caminho percorrido até agora é grande, embora de forma lenta e custosa. No entanto, acreditamos que todos os esforços serão recompensados. Aliás, já recolhemos quatro mil assinaturas com esta petição”, esclareceu.


 


Programa Científico


Entre os trabalhos expostos nas CAO, destacaram-se estudos de grande interesse científico que exploram questões cada vez mais profundas. Pedro Monteiro, docente da Universidade da Beira Interior (UBI) e figura recorrente na iniciativa, falou aos optometristas do Teste ADEM-d para Análise da Oculomotricidade e Atenção, trabalho feito com Andrés G. Sampedro. A prova analisada surge como uma actualização do teste DEM, adaptado a crianças até aos 13 anos. Com a nova versão, desenvolvida sob a liderança de Sampedro, passa-se a cobrir as faixas etárias dos 14 aos 68 anos.


Amélia Nunes, doutorada em Biomedicina, apresentou um estudo pertinente para os especialistas da área. A Sensibilidade ao Contraste em Sujeitos com Esclerose Múltipla conclui que apesar dos resultados na população com esta patologia serem semelhantes aos das pessoas saudáveis, com frequências extremas existe uma diminuição da qualidade da percepção. A estudiosa aconselhou os colegas a seguirem estes doentes, avaliando as alterações visuais e detectando a sua relação com o estado geral.


A optometrista Susete Raimundo expôs um trabalho referente à importância da especialidade na população geriátrica. O crescimento do número de idosos e as consequentes alterações fisiológicas e patológicas nos seus sistemas visuais têm grande impacto na prática optométrica. A especialista salienta, por isso, a necessidade da formação adequada nesta matéria, impondo ao profissional conhecimentos específicos, habilidades e técnicas para lidar com estas pessoas nos seus gabinetes.


Eliana Nave e Jorge Silva colaboraram num trabalho relacionado com a Diabetes Mellitus, uma realidade que exige atenção redobrada do optometrista. De facto, a doença pode provocar alterações sobre o sistema visual, como problemas refractivos e disfunções acomodativas. Os oradores consideraram importante consciencializar os colegas para as lacunas formativas de base, que existem nesta área. 


A prestação além-fronteiras ficou a cargo de Santiago Escandón García, diplomado em óptica e optometria pela Universidade de Santiago de Compostela, e mestre em optometria e ciências da visão pela UBI. O especialista apresentou os resultados da avaliação do índice de distorção luminosa (IDL) em condições escotópicas. Os resultados obtidos mostram que as lentes de contacto multifocais provocam um aumento do IDL, enquanto um efeito de somação binocular reduz este índice. Santiago Escandón García concluiu também que a origem do IDL não se explica de forma consistente, nem pelas aberrações, nem pelos parâmetros topográficos da superfície anterior, com ou sem lentes de contacto. O trabalho revela assim que o IDL constitui uma métrica que objectiva a sensação subjectiva manifestada pelos pacientes, proporcionando informação além da fornecida pela aberrometria da superfície anterior do olho.


Com a diversidade de temáticas abordadas, esta edição das CAO revelou a importância de uma partilha constante daquilo que os profissionais fazem de melhor. O incremento do conhecimento e a actualização da ciência assumem-se como as pedras basilares para a afirmação da qualidade da optometria, garantindo-se assim melhores cuidados na saúde visual dos pacientes.

18 Dezembro 2009
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