DMRI húmida: optometristas são tão eficazes como oftalmologistas?

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Pesquisas publicadas recentemente no British Medical Journal BMJ Open sugerem que os cuidados optométricos em consultório para acompanhamento de rotina da Degeneração Macular Húmida Relacionada com a Idade (DMRI húmida) são tão eficazes como os cuidados prestados por oftalmologistas a nível hospitalar.

A Degeneração Macular Relacionada com a Idade é uma patologia ocular comum que afeta mais de 345.000 pessoas em Portugal, sendo que 45.000 padecem do estádio avançado desta condição, de acordo com o Plano Nacional para Visão da Direção Geral de Saúde. Esta doença é caracterizada pelo aparecimento e crescimento de neo-vasos sanguíneos na retina, conduzindo a perda de função visual e cegueira. Pacientes diagnosticados com esta condição devem ser vigiados assiduamente. O acompanhamento desta condição ocular deve ser contínuo e quase sempre efetuado em serviços hospitalares de ambulatório. Para aliviar a crescente pressão sobre os serviços oftalmológicos hospitalares no Reino Unido, surgiu interesse em compartilhar a responsabilidade de acompanhamento deste tipo de condições com optometristas no setor privado da comunidade, como por exemplo em estabelecimentos de ótica.

Investigadores, financiados pelo NIHR (Instituto Nacional para a Investigação em Saúde no Reino Unido – National Institute for Health Research), analisaram a eficácia da partilha destes cuidados de saúde com os optometristas em comparação com os cuidados prestados por oftalmologistas que atuam nos serviços hospitalares. Procederam ao recrutamento de oftalmologistas com experiência em Degeneração Macular Relacionada com a Idade e Optometristas que nunca participaram em cuidados desta condição.

De uma forma geral, a equipa de investigadores, liderada por Usha Chakravarthy da Queen’s University em Belfast, Reino Unido, mostrou que as decisões tomadas por oftalmologistas e optometristas são consistentes e que, depois da devida formação, os optometristas no setor privado eram tão bons quanto os oftalmologistas dos serviços hospitalares. A equipa de investigadores denotou que os optometristas tendiam até a ser mais cautelosos, atestando mais prontamente a recidiva da DMRI. O que indica que os optometristas foram responsáveis por mais falsos positivos, mas também identificaram corretamente mais casos de pacientes nos quais a DMRI tinha de facto recidivado. No entanto, e de uma forma geral, os seus diagnósticos foram tão rigorosos quanto os dos oftalmologistas. “A partilha de cuidados tem o potencial de reduzir as listas de espera e carga de trabalho nos serviços hospitalares”, comentou Chakravarthy. “A nossa pesquisa demonstrou que o acompanhamento de rotina da DMRI Húmida pode efetivamente ter lugar no setor privado no seio da comunidade, o que não só liberta os serviços hospitalares, como também é, na maioria das vezes, mais conveniente para os pacientes”.

Em Portugal, a partilha nos cuidados de saúde visual envolvendo os optometristas portugueses não é ainda uma realidade devidamente aproveitada pelas autoridades competentes. No entanto, existem casos de sucesso, onde a multidisciplinariedade trouxe vantagens inegáveis. O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, E.P.E. esteve na vanguarda do setor quando procedeu à colocação de optometristas no seu serviço de Oftalmologia, o que permitiu pôr fim a listas de espera excessivas e desenvolver novos métodos de rastreio e acompanhamento de utentes com maior celeridade, eficiência e eficácia. Portugal tem mais de 1.000 optometristas reconhecidos pela Associação Profissional de Licenciados de Optometria, em exercício profissional com o grau mínimo académico de licenciatura até ao grau de doutorado. Realizam mais de 2 milhões de consultas anuais, de acordo com a APLO. Os optometristas representam um dos pilares dos cuidados primários de saúde visual em Portugal. Contudo, a adiada integração destes profissionais no Serviço Nacional de Saúde, assim como a inexistência de regulamentação na atribuição de título de optometrista tem impedido Portugal de retirar total benefício deste recurso nacional.

19 Agosto 2016
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