“Estamos num momento decisivo para a optometria em Portugal”

Henrique Nascimento, presidente da União Profissional dos Ópticos e Optometristas Portugueses (UPOOP) e recandidato ao cargo, defende que a valorização da optometria depende da união da classe e de um enquadramento legal justo. Em entrevista à ÓpticaPro, destaca os avanços dos últimos anos e aponta como prioridade a regulamentação da profissão, a formação contínua acessível e o envolvimento ativo dos profissionais nas eleições da associação.
O que significa, na prática, a “valorização da optometria” que é o lema da candidatura da sua lista? Que ações concretas se propõem para alcançá-la?
A valorização da optometria passa por reconhecer e reforçar o papel central que estes profissionais desempenham na promoção da saúde visual em Portugal. Na prática, isto traduz-se em medidas concretas como o reforço da representatividade da UPOOP junto das entidades reguladoras e políticas, a promoção de campanhas de sensibilização pública sobre o papel do optometrista e a criação de oportunidades de formação contínua e de especialização para os nossos associados a preços muito reduzidos e até mesmo gratuitos. Pretendemos também estabelecer parcerias com instituições de ensino e saúde, nacionais e internacionais, para fomentar o reconhecimento científico e clínico da nossa profissão.
Afirmou, enquanto presidente, que vivemos um “momento decisivo” para a UPOOP e para a optometria em Portugal. Que riscos ou oportunidades identifica como determinantes neste contexto?
Vivemos um momento em que a regulamentação da optometria está, finalmente, a ganhar atenção no debate político e social. Esta é uma oportunidade histórica para consolidar o reconhecimento da profissão e garantir um enquadramento legal justo, que reflita a realidade do exercício profissional em Portugal. No entanto, o risco maior reside na fragmentação da classe e na passividade coletiva. Se não estivermos unidos e mobilizados, podemos perder esta janela de oportunidade e ver decisões cruciais tomadas sem a nossa participação. É por isso que esta eleição é tão importante e simbólica uma vez a que a UPOOP deverá ser interlocutor de algo que fundou em Portugal.
Enquanto atual presidente da UPOOP, o que ficou por fazer no último triénio? Quais são as linhas mestres do programa a ser sufragado?
No último triénio demos passos significativos, como a modernização da comunicação da UPOOP com a implementação do novo site, a dinamização da formação e o reforço da nossa presença institucional. No entanto, ficaram por concluir alguns projetos estratégicos, nomeadamente a criação de um plano de carreira nacional para o optometrista e a consolidação de um estatuto profissional claro. No próximo triénio, queremos focar-nos na defesa ativa da regulamentação da profissão, no desenvolvimento de uma plataforma de formação contínua a preços mais acessíveis, embora no último triénio o valor pago por cada associado, com a formação obrigatória, tenha sido reduzido para metade, na aproximação aos jovens profissionais e estudantes, e na descentralização da atividade associativa, para garantir maior proximidade a todos os colegas.
Afirmam querer tornar estas eleições “as mais participativas de sempre”. Que medida concreta visa implementar para garantir uma maior mobilização dos profissionais?
Para garantir maior participação, iremos apostar numa campanha de comunicação direta, próxima e transparente, utilizando canais digitais, redes sociais e sessões de esclarecimento online e presenciais. Vamos também simplificar os mecanismos de votação e reforçar o contacto com os associados através de núcleos regionais, promovendo um envolvimento ativo desde a base. Acreditamos que, quanto mais
informados e ouvidos forem os profissionais, mais vontade terão de participar.
Como pretendem lidar com possíveis divisões internas dentro da classe e promover a “união” que destaca nas suas mensagens?
A união constrói-se com escuta, respeito e trabalho conjunto. Vamos continuar a tentar dialogar com todas as associações do setor, como tem sido feito até ao momento. Pretendo promover um espaço inclusivo na UPOOP, onde as opiniões que visem a melhoria da associação sejam respeitadas e todos os profissionais se sintam representados. Vamos criar comissões temáticas que permitam a participação ativa dos associados em áreas-chave e reforçar os momentos de encontro e partilha entre colegas. É essencial cultivarmos um espírito de cooperação, porque só com uma classe unida poderemos alcançar o reconhecimento e a valorização que todos ambicionamos.
As eleições dos corpos sociais da UPOOP para o próximo triénio (2025/2028) acontecem já a 21 de junho, pelas 15h00, no ISEC Lisboa.
13 Junho 2025
Atualidade