“A luta pela regulamentação continua”
ÓpticaPro: Qual o objectivo da criação da Academia Europeia de Óptica e Optometria (EAOO, na sigla inglesa)?
Eduardo Teixeira: É uma iniciativa do Conselho Europeu de Óptica e Optometria (ECOO, na sigla inglesa), com o intuito de apoiar o desenvolvimento científico da profissão, bem como promover a formação contínua dos profissionais ao longo das suas vidas. Todos os dias surgem novos desafios e a população exige que nos actualizemos. O objectivo é prestar o melhor serviço possível ao nível dos cuidados primários da saúde visual.
OP: Quais as linhas que vão ditar o funcionamento da nova academia?
ET: Tendo sempre em vista o benefício da população, queremos desenvolver o conhecimento científico, promover a educação assídua, aperfeiçoar a pesquisa e fomentar as competências e condutas dos membros da academia. No fundo, a grande missão da EAOO reside na uniformização da prática optométrica e da educação e na promoção da mobilidade dos profissionais dentro da Europa.
OP: Mas esta mobilidade de que fala não é um pouco complexa?
ET: De modo algum, os optometristas têm a facilidade de exercer em qualquer um dos países da União Europeia, pois as directrizes europeias reconhecem as diferentes formações. O importante é existir uma actualização constante dos conhecimentos. A EAOO advém também para minimizar as diferenças no que se refere à prática da optometria. A uniformização da actividade assume-se como fulcral, sendo imprescindível o estabelecimento de uma plataforma comum e uma contínua troca de ideias entre todos os profissionais.
OP: Que acções concretas estão a desenvolver para já?
ET: Para este primeiro ano de mandato, temos já formação agendada e queremos desenvolver o programa de ‘fellowship’ da academia, já que ser ‘fellow’ constitui uma forma de reconhecimento de capacidades políticas, profissionais ou clínicas. Além disso, decorreu o primeiro simpósio de investigação da EAOO, onde estiveram presentes 200 colegas de toda a comunidade europeia. Este encontro, que se realizou em Maio na cidade suíça de Lausanne, assentou fundamentalmente na vertente clínica das ciências da visão. Abordou-se ainda o desenvolvimento de estratégias de formação contínua e do enquadramento dos recém-licenciados na vida activa. O encontro deverá realizar-se anualmente, sempre na altura da Primavera. O próximo está já marcado para 14, 15 e 16 de Maio de 2010, em Copenhaga.
OP: De que forma a optometria portuguesa poderá beneficiar com a sua posição na EAOO?
ET: Aproveito, desde já, para transmitir a satisfação que sinto por integrar a administração da academia. Assistir ao nascimento de uma instituição e, paralelamente, colaborar no seu desenvolvimento é um privilégio. No entanto, não pretendo beneficiar especificamente a Associação Portuguesa de Licenciados de Optometria (APLO) e os optometristas portugueses, mas toda a classe na Europa, levando a cabo todas as premissas que regem a EAOO.
OP: Em relação à legislação da optometria em Portugal…
ET: Recentemente houve um bom desenvolvimento, com a proposta do deputado José Paulo Carvalho para a regulamentação do exercício profissional da actividade de optometria. Além de levantar a questão perante as autoridades, lançou-a num plano mediático importante. Mesmo assim, continuamos a trabalhar incansavelmente nesse sentido. Por outro lado, abriram duas vagas para optometristas no Centro Hospitalar de Vila Real de Santo António. É uma pequena vitória, já que uma das nossas reivindicações consiste na inclusão destes profissionais no Serviço Nacional de Saúde. A luta pela regulamentação e reconhecimento da profissão continua.
30 Setembro 2009
Entrevistas